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segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Comunicação Militante: "A humanidade não merece a vida"

Comunicação Militante: "A humanidade não merece a vida"

Comer carne é considerado anti-ético...

Sobre a ética da alimentação sem carne
Houve uma época, a muito tempo atrás, em que cheguei a ser vegetariano restrito por um bom meio ano, se não mais. Para quem não sabe, vegetariano restrito é aquele que não come nada de origem animal - e eu disse nada. Nem queijo nem ovo nem leite nem nada. Ainda há outros, diria piores se a palavra não tivesse uma conotação tão pejorativa, que além disso não usam nada que venha de algum animal, nada que tenha passado por experimentação com animais, e alguns (não todos) detestam a idéia de ter um bichinho de estimação, pelo fato de que os bichinhos tem o seu próprio hábitat. São os chamados veganos, os vegans, um nome terrível que pra mim soa alienígena. Os veganos vêm de Vega? Se eles querem ser chamados assim, paciência.
Eu comecei a ser "vegan" por um curto período, até que comecei a perceber que é complicado ser coerente com estes pressupostos. Quanto a roupas, dá pra viver sem o couro. Meu violino, porém, tem o arco com crina de cavalo. Existem cosméticos naturais, claro, mas ter de renunciar aos avanços da medicina feitos as custas do sofrimento dos bichinhos, era renunciar a um mundo moderno, no qual já me meti até o pescoço.
Claro que, nossas horas em que a coerência total chega a ser desgastante, só há três alternativas: trocar de pressupostos; esquecer os pressupostos; afrouxar os pressupostos. Eu achei que, para manter o mínimo de dignidade que ainda me restava, a última opção era a melhor. Então afrouxei os pressupostos, uma saída ética totalmente justificável, dadas as conjunturas do momento, e desde então, gradualmente, passei a comer queijo, ovo, leite, peixe e couro (em doses homeopáticas), nesta mesma ordem.
Ética é questão de inteligência. E inteligência é questão de plasticidade. Uma coisa que o pessoal do movimento de proteção aos animais se esquece, quando em vez.
Pois há umas oito classes de argumentos para adotar ou uma dieta sem carne (ou vegetariana), ou um dos diversos graus possíveis entre o oito e o oitenta, e todos eles são bastante convincentes e inteligentes. Não concordo em quase nada com as opiniões expressas de que não há coerência, ou pensamento inteligente, naqueles que argumentam (principalmente os filósofos) sobre este aspecto. Concordo, certamente, que agora é moda gostar dos bichinhos, e que os atos impensados de muitas pessoas que se dizem "vegetarianas" ou "vegans" ou "o-raio-que-o-parta" são esdrúxulos, para não dizer ridículos.
Dentre as razões higiênicas, de saúde, econômicas, estéticas, ecológicas, éticas e espirituais/religiosas, as minhas são muito mais éticas do que outra coisa, para deixar bem claro. Duas leituras interessantes sobre este aspecto são Peter Singer e Sônia Felipe, professora de filosofia aqui da UFSC, sendo que Singer partiu de um século e meio de filósofos, e a Sônia faz uma (re)leitura do Singer e de Tom Regan. Gostaria de deixar bem claro, também, que para mim a atitude ética deve ser tomada em termos políticos, e não na solidão pessoal do sujeito ético, embora seja sempre no sujeito que o ato ético recorrerá. O que quero dizer é que ética envolve uma discussão e um julgamento de fatos, o que envolve mais de uma pessoa nesta dança. Como exemplo, deixo a questão do famoso papel da carne, do mastigar um alimento fibroso como a carne, para a formação do aparelho fonador e da arcada dentária. O quanto disto é verdade, e o quanto é mito? Há algum lugar no mundo em que ocorre uma alimentação sem carne desde a tenra (huuum..) infância? E então? E não haveria outra forma de ocorrer esta mastigação?
Se fôssemos seguir o conselho do Buda ("por isso, ensinei-lhes a não crer meramente por ter ouvido falar, mas, depois que vocês acreditarem a partir de sua consciência, devem agir em conformidade e intensamente.”), cairíamos na falácia de, justamente, pensar que partir da consciência (o sujeito moral em si e só) é o suficiente para tomar uma atitude ética inteligente. E eu creio que não é. Assim, este agir intensamente acaba virando proselitismo, e eu, pessoalmente, só vejo razões para isto em tempos de fim do mundo (que está chegando, mas ainda tarda - rárárá). A ética é o uso da razão, sim, mas a razão está aqui, no mundo.
E francamente, Guerra, colocar o leite materno no mesmo saco chamado de "alimento de origem animal" não caiu muito bem. A mãe sente prazer e quer dar o seu leite para o filho. Isto aí está a milhares de quilômetros de distância do discurso da Sônia, por exemplo.
(Extra! Extra! O último argumento que ouvi na discussão pró ou contra o uso da carne na dieta humana. Evolucionário, novamente, de roupagem nova. Desta vez diz que "nossas propensões carnívoras têm origens remotas - e nossa capacidade de lidar com uma dieta como essa pode ser derivada de certos genes","oito genes de 'adaptação à carne', que podem ter ajudado os humanos primitivos a lidar com o colesterol, as infecções e outras doenças derivadas de seu consumo." SciAmBr, maio deste ano. Interessante, claro. Novamente coloca para mim a neurose que o pessoal vegan tem com a comilança de carne, que pelo que falam, parece mais que a maioria da humanidade está se envenenando lentamente a partir do momento em que colocam um naco de picanha na boca. Façam-me o favor. Se comer carne fosse tão ruim assim, Iesu, estaríamos todos fudidos, e só os límpidos vegans sobreviveriam para contar a história.
Acontece que usar um argumento deste para justificar a obtenção de nutrientes e calorias através de carne, piiif... fraquíssimo. Isso fazia o maior sentido... aliás, isto era questão de sobrevivência nua a crua quando existiam aqueles primatas muito feios que desceram das árvores, passaram fome, alguns dizem que ficaram pelados pois que começaram a nadar, e descobriram que comer carne era bom. Um tanto quanto trabalhoso, mas bom. E nestes laços de retroalimentação o consumo de carne aumenta a massa cinzenta que aumenta a inteligência que aumenta o consumo de carne que. Além do mais, descobriram que era bom lavar as batatas sujas. Mas isto já é outra história.
E, graças aos nossos queridos primatas antepassados, temos um córtex que faz a gente pensar demais e achar que conhecemos o deus. Ah, também temos uma capacidade de prover uma dieta muitíssimo mais rica em todos os sentidos para cada habitante deste planeta, sem matar, com este objetivo em mente, nem uma única vaca que seja. É natural um humano comer carne? Claro. Desejável? Talvez sim, talvez não. Em que termos?

DIREITO ANIMAL

Alberto Gonzalez





1. Quais as vantagens de se consumir se alimentar de vegetais e frutas cruas?
As sociedades médicas britânica e belga já consideram a dieta vegetariana como medicinal. E este conceito já conquista sociedades médicas de outros países.
É questão de tempo para que esta forma de alimentação seja considerada medicinal por todas as sociedades médicas do planeta, inclusive a brasileira.
A alimentação viva era preconizada por Hipócrates, o pai da medicina ocidental. Ele dizia que " a Natureza é quem cura, sendo o médico apenas um assistente da Natureza".
Se pesquisarmos artigos científicos recentes nesta área do conhecimento, veremos que a cada dia aumentam as publicações que dão suporte e segurança para a alimentação vegetariana em geral, seja na promoção de saúde, seja na terapêutica das doenças. Por ser altamente hipocalórica, enzimática e mineralizada, a dieta de vegetais vivos e orgãnicos promove uma reestruturação do epitélio digestivo e das funções pancreática e hepática, além de adequada absorção e motilidade intestinal.
A ingesta de vegetais crus dá também suporte à microbiota (flora) intestinal. Ao substituir as bactérias altamente patogênicas - estimuladas pela alimentação contemporânea - por lactobacilos e bifidobactérias, presentes em abundância na seiva de frutas e verduras orgânicas, uma verdadeira transformação toma lugar em todos os níveis do organismo.
Ocorrem efeitos flagrantes ao nível neurológico e psíquico, imunitário, inflamatório, cardiovascular, endócrino e osteo-muscular. O sangue equilibra-se, tornando-se menos viscoso e tamponando variações iônicas, de glicose e pH.
A dieta contemporânea estrutura-se sobre o trinômio açúcares-farináceos-gordura industrial, que resume-se por amidos e carne industrializada cozidos ou fritos, "empurrados" por farta quantidade de refrigerantes e doces. Esta dieta "empaca" a digestão e desequilibra o metabolismo.
O resultado é o que estamos observando: obesidade em populações de baixa renda, crianças alérgicas e diabéticas, níveis cada vez mais altos de doenças cardiovasculares e degenerativas tal como o câncer, em uma faixa etária cada vez mais jovem. Em meu consultório e também junto ao Programa de Saúde da Família, o objetivo principal é afastar a população atendida deste trinômio mórbido.
2. Carnes e peixes também devem ser comidos crus? Dizem que fãs de carpaccio, kibe cru ou sushi, correm um risco maior de contaminação por bactérias ao ingerir esses alimentos, sobretudo, quando não se conhece a procedência dos produtos. Pesquisadores da Universidade de Brasília, por exemplo, detectaram em um estudo altos níveis de coliformes fecais e chumbo em algumas amostras de sushis e sashimis em oito restaurantes de Brasília. Quais as recomendações para evitar possíveis riscos?
Alimentar-se de carne é usufruir das proteínas acumuladas pelo animal herbívoro, ave ou pescado.
Grande parte da carne comercializada é produzida artificialmente, quer dizer, dando vida artificial aos animais, que são criados em cativeiro como meros objetos produtores de proteína. Desta forma ingere-se, além da proteína acumulada, pesticidas, antibióticos, metais pesados, corticóides e diversas outras substâncias aplicadas na engorda artificial do animal, todas elas - lamentávelmente - também acumuladas.
Por outro lado, é flagrante a contaminação por microorganismos, principalmente no Brasil, onde metade dos matadouros é clandestina.
A carne mistura-se às fezes evacuadas no desespero da antecipação da morte pelo animal.
A presença de coliformes (bactérias fecais) é maciça. Se considerarmos a morte de centenas de pessoas em Seattle, E,U,A,, após a ingesta de hambúrgueres da rede "Burger King" pela letal Escherichia Coli H527, o mal da vaca louca, a gripe aviária e centenas de tipos de contaminações seguidas de intoxicação e morte dos consumidores de carne contaminada, nos afastaremos por definitivo desta forma inapropriada de dieta.
Se ingerirmos comida morta, ela nos matará. Mas se ingerirmos alimento vivo, o mesmo nos vivificará.
As bactérias existem para degradar máteria desvitalizada, por isto prevalecem na dieta cozida. Os macrobióticos, por exemplo, nunca "requentam" um prato préviamente cozido e privilegiam alimentos orgânicos.
O alimento vegetal vivo é práticamente isento de microorganismos pela presença de agentes bacteriostáticos e antioxidativos presentes na própria estrutura da planta.
Prato vegano: 500 bactérias patogênicas X prato padrão contemporâneo 1.000.000.000 bactérias patogênicas (Fungalbionics, Constantini e cols., 1994).
Alimentar-se de "quentinhas" e "self-services" é uma espécie de roleta-russa.
A dieta contemporânea também não dá suporte ao ambiente, criando exércitos de excluídos do campo, favorecendo as monoculturas extensivas à pequena produção rural, privilegiando organismos genéticamente modificados e uso de pesticidas aos métodos orgânicos amigáveis ao solo.
A maior causa de desmatamento da Amazônia é a expansão de pastos para gado de corte ou a produção de grãos para forragem deste mesmo gado.
4. O consumo de alimentos crus seria uma forma de garantir o aproveitamento máximo dos nutrientes. Qual o máximo de aquecimento ao qual os "alimentos vivos" (crus) podem ser submetidos?
A partir de 60 graus centígrados, começam a alterar-se as estruturas moleculares. Ao elevar-se mais a temperatura, proteínas desnaturam-se, enzimas perdem a atividade, ácidos graxos poliinsaturados hidrogenam-se e fitonutrientes antioxidantes desaparecem. Todos estes nutrientes são considerados essenciais pela nutracêutica, moderno ramo da ciência.
Na alimentação hiper-aquecida, ao atingirem-se os 100 graus centígrados, 50% das proteínas desnaturam-se e valores próximos a 100% são observados para as vitaminas do complexo B. As vitaminas em geral perdem os complexos moleculares que garantem o sinergismo e máxima absorção.
5. Muitas pessoas se queixam que adotar uma alimentação mais natural tem um custo mais elevado do que a alimentação tradicional. A dieta do crudicismo é para as camadas mais favorecidas da sociedade?
Existem dietas de baixa, média e alta renda, na alimentação contemporânea. A alimentação viva não foge à regra.
No Programa de Saúde da Família, duas comunidades de caráter misto rural/urbano receberão o ensino do preparo do "suco verde" ou "leite da terra", feito com verduras orgânicas produzidas pelas próprias comunidades. Objetiva-se, através deste suplemento, melhoria da saúde, redução do uso de medicamentos e ganhos de renda, obtidos pela comercialização do excedente das hortas.
Não objetivamos um modelo paternalista e filantrópico, mas auto-sustentável, com reflexos na saúde do homem e da comunidade e no uso apropriado da terra.
6. Há situações em que o cozimento pode aumentar a absorção de nutrientes pelo organismo. É o caso de leguminosas como feijão, soja e lentilha, ricos em substâncias que atrapalham a absorção de minerais. O problema não estaria em cozinhá-lo demais? Alguns nutricionistas afirmam que o cozimento em si não destrói necessariamente os nutrientes. O calor prolongado, sim.
Sou autor de um livro denominado "Lugar de Médico é na Cozinha" e conduzo um curso de extensão universitário denominado "Bases Fisiológicas da Terapêutica Natural e Alimentação Viva". Tenho um sítio eletrônico em construção, denominado http://www.oficinadasemente.com.br/ onde poderão obter-se brevemente informações a respeito deste livro, palestras e cursos.
Em nossas oficinas culinárias, ministramos aulas de germinação de sementes, em especial leguminosas. As lentilhas, por exemplo, germinam de forma rápida e excepcional, e passam a ter o sabor de um milho verde bem fresco. São fácilmente digeríveis e absorvíveis, apresentando além do sabor mineralizado e suculento um alto teor de nutrientes, em especial ferro e proteínas.
Todos os grãos e sementes potencializam-se e tornam-se biodisponíveis com a germinação.
Grão de bico germinado é muito adocicado, devendo ser ingerido com temperos amargos, tais como hortelã ou manjericão. Soja e amendoim germinados eu recomendo com restrições, por motivos distintos, respectivamente, indigestibilidade e contaminação por fungos.
Germinamos também cereais. No trigo germinado, por exemplo, reduzem-se os níveis de glúten.
7. Para os ayurvédicos, comer está relacionado à eliminação de toxinas. Tudo o que entra deve sair do corpo para que nele não sobrem restos de comida se decompondo. Pelo fato de serem de lenta digestão, os alimentos crus não são bem-vindos. O que acha desse conceito?
Sim, eles denominam este processo de "panchakarma", ou seja "limpeza dos canais energéticos".
A dieta ayurvedica original é viva. A Medicina Ayurveda denomina os alimentos vivos de satvicos, ou seja, que promovem desintoxicação e elevação espiritual. Para o equilíbrio dos doshas, diferentes formas de constituição biológica, deve-se individualizar o padrão alimentar.
O cozimento maciço na Índia moderna é recente, e resultado de uma aculturação ocorrida nos quatro cantos do planeta. Isto ocorreu devido à hegemonia da "Teoria do germe" do Dr. Louis Pasteur, em detrimento da "Teoria do terreno biológico" proposta pelos Drs. Antoine Bèchamp e Claude Bernard, ainda no século XIX.
O hiper-aquecimento e a pasteurização tornaram-se quase que obrigatórios.
A alimentação viva é a dieta original do homem e de todos os outros seres do planeta.
No início do século XX não havia sequer treinamento médico para a reversão de infartos do miocárdio, tal a raridade destes eventos. Hoje os ataques cardíacos e outras falências cardiovasculares são os maiores responsáveis pela mortalidade e morbidade nos Estados Unidos e no Brasil.
8. Segundo alguns nutricionistas, a dieta crudicista também pode implicar em alguns problemas. As duas principais patologias que podem afetar seus seguidores é a anemia por carência de vitamina B12 (esta vitamina só existe no reino animal) e a desnutrição protéica que poderá levar a patologias como o pseudo-parkinsonismo, lesões do sistema nervoso central além de uma infinidade de doenças carenciais.
Em dez anos como cirurgião e endoscopista só vi quatro casos de anemia perniciosa, dois no Brasil e dois na Alemanha. Eram devidos à não produção de fator intrínseco pelas células principais da mucosa gástrica. A inexistência deste fator impede a absorção da vitamina B12 pelo intestino delgado.
É raríssima a apresentação de anemia perniciosa por exclusiva deficiência nutricional. Curiosamente, esta hipovitaminose é mais comum em onívoros (que comem de tudo) que nos vegetarianos.
A carne acumula a vitamina B12, obtida pacífica e pacientemente pelos herbívoros. Mas lembremos que o cozimento da carne destrói por completo esta vitamina e seus coadjuvantes, como a biotina e o ácido fólico (dados do Instituto Max-Planck de Nutrição, Alemanha).
Entre os vegetarianos, a maior causa de queda de B12 é dieta mal equilibrada, que não supra as bactérias intestinais benéficas. Às vezes prescrevo suplemento de B12 somado às medidas exclusivamente culinárias. Este é aliás o único suplemento requerido por um vegetariano.
Os maiores produtores de B12 são os organismos homeostáticos do solo, notadamente os lactobacilos presentes no intestino de animais herbívoros. Nós também podemos manter populações de bactérias produtoras de B12 em nossos intestinos.
A alimentação viva inclui os probióticos produzidos através de cereais, sementes e hortaliças fermentados. É uma nutrição bacteriana.
O vegetariano pode alimentar-se adeqüadamente de proteínas na dieta, através de frutas, cereais, raízes, leguminosas, sementes, castanhas e hortaliças.
Existem inúmeros atletas de nível olímpico que são vegetarianos.
9. Segundo os princípios da medicina chinesa, no inverno o corpo necessita de comida quente, pois a ingestão de alimentos crus resfria ainda mais o corpo. Já no verão, o corpo necessita de alimentação mais fria, então os alimentos crus seriam adequados.
O alimento que aquece a célula não necessita estar cozido na panela.
O leite de gergelim, o queijo de girassol ou o chocolate de abacate são alimentos vivos altamente calóricos, mas fornecem estas calorias através de gorduras leves e proteínas, reduzindo os açúcares e amidos e a conseqüente necessidade da produção de insulina pelo pâncreas.
No inverno tornou-se hábito comer amido e acúcar em excesso, contribuindo para a hiperinsulinemia, dislipidemia e obesidade prevalentes neste período.
Meus pacientes e aprendizes de culinária mantém-se bem aquecidos no inverno, alimentando-se de sementes oleaginosas e fazendo pratos ditos "amornados", oferecidos a uma temperatura quente, mas que não queima a língua.
No verão preparamos hortaliças através de cozimento mecânico ou fermentativo e comemos muitas frutas. É uma alimentação nutritiva e refrescante .
10. Sobre a necessidade de uma alimentação equilibrada, como pregam alguns nutricionistas, com uma proporção adequada de carboidratos (açúcares), lipídios (gorduras) e proteínas. O que o senhor tem a dizer?
A alimentação viva é mineralizada e oferece enzimas, antioxidantes e óleos essenciais. A queima apropriada de combustíveis celulares é obtida a partir de uma predominância de lipídios e proteínas saudáveis, mantendo níveis baixos de carboidratos.
A dieta hipocalórica é chave para o rejuvenescimento celular, prevenção do câncer e longevidade.

Utopia...? Não!!!!!!!!!!!

Abolicionismo: vanguarda utópica ou futurista? – Jean Pierre Verdaguer




Desde que as primeiras civilizações vicejaram sobre a Terra, indivíduos, grupos, povos e até etnias inteiras são vítimas de agressões violentas, humilhações, explorações e escravizações. Pérsia, Grécia, Índia, China... Mesmo as aparentemente iluminadas civilizações antigas mantiveram, em algum momento, regimes escravocratas, divisão por castas e outros tipos de exploração sistemática de seres humanos. Até tribos indígenas rudimentares do Brasil pré-descobrimento tinham o costume de raptar e escravizar membros de tribos rivais, o que denota que o hábito sequer se restringe às chamadas grandes civilizações.
Na época das grandes navegações e da expansão do mundo conhecido, a economia mundial era praticamente movida sobre as sangrentas rodas e engrenagens de regimes autoritários, monárquicos e escravocratas. Com o tempo – e o advento do capitalismo primitivo –, esses regimes entraram em declínio e, conseqüentemente, para evitar o colapso total do sistema, se viram obrigados a mudar as regras do jogo. Começaram, um a um, a abolir (ou seria abdicar?) o uso de trabalho escravo, entre outras medidas.
Embora muitos pensem que essas atitudes libertárias tenham sido desencadeadas pelos novos paradigmas iluministas e positivistas, ou por grandes levantes liderados por idealistas abolicionistas que forjaram, na marra, a libertação maciça de escravos, a nada romântica realidade é que os senhores de escravos vislumbraram promissoras vantagens econômicas em se desfazer daqueles trabalhadores – cuja subsistência dependia totalmente dos “donos” –, e substituí-los por outros bem mais baratos: assalariados, que davam o sangue com muito mais boa vontade e a custos muito menores.
Apesar disso, quase 150 anos depois da abolição, o Brasil continua sendo palco de notícias sobre trabalhadores encontrados em regime de escravidão ou semi-escravidão, nas barbas do poder público e às vistas da mídia onipresente, à taxa média, juram as estatísticas, de 25 mil novos escravos por ano!
No mundo todo, estima-se que existam 40 milhões de trabalhadores escravizados, 8 milhões de crianças tratadas como mercadoria e de 4 a 5 milhões de mulheres em situação de servidão sexual.
Também se fala em cerca de meio bilhão de pessoas maltratadas e impiedosamente exploradas em campos de mineração, estivas portuárias, latifúndios em áreas remotas, indústrias pesadas e etc, recebendo remunerações tão espantosamente baixas que chegam a soar improváveis quando trazidas à luz de reflexões sociológicas.
Sem contar a infinidade de mulheres acintosamente humilhadas – muitas das quais mutiladas! –, obrigadas a se submeter a tradições e leis machistas, preponderantes no oriente médio, na áfrica e em tantos outros lugares.
Os casos de violência doméstica, no mundo, contra crianças, mulheres, deficientes e idosos, são tão numerosos que carecem de estatísticas confiáveis. Podem beirar dois bilhões de ocorrências diárias!
O ser humano – assim parece –, por definição, explora. Pai explora filho, marido explora esposa, neto explora avô, irmão explora irmão, patrão explora funcionário, fortes exploram fracos, poucos exploram muitos, corporações exploram milhares, igrejas exploram milhões, tiranias e etnias exploram bilhões...
Daí o monumental obstáculo que emperra a eficiência do movimento pelo abolicionismo animal: agindo junto a uma sociedade de humanos que histórica, diária, sistemática e inevitavelmente exploram impiedosamente uns aos outros, torna-se humanamente impossível lhes inocular a noção de que não é razoável abusar dos outros animais.
Em outras palavras, como sugerir o uso do senso ético a uma sociedade que sequer veio com esse software instalado?
Assim sendo, como, em sã consciência, pode um ativista do direito animal pregar o abolicionismo total e irrestrito e não se abalar diante dos pálidos resultados dessa luta inglória? O desafio, hercúleo, é tamanho que se torna quase uma missão mítica, utópica, profética... Tende a virar questão de fé e acaba assumindo ares de religião, com direito inclusive a seus dogmas, tabus e estigmas.
Um dos maiores problemas que a dogmatização do abolicionismo acarreta, para a própria causa que defende, é a pressão contrária que muitos de seus adeptos freqüentemente exercem sobre uma corrente diversa de defesa dos direitos animais, que chamam – em geral, pejorativamente – de bem-estarismo. Para o pensamento abolicionista mais ortodoxo, o bem-estarismo traria prejuízos incalculáveis à “verdadeira” causa do direito animal, por lutar “apenas” por melhorias nas condições de criação, tratamento e abate dos bichos. “Ora”, afirma-se com fervor, “se o mundo todo adotar o bem-estarismo como meta, logo os animais estarão sendo tão ‘bem-tratados’ que será inútil qualquer iniciativa para tentar livrá-los definitivamente da sina da exploração comercial humana”.
O que tal pensamento não considera – ou reluta em admitir – é que, embora todas as premissas e justificativas do abolicionismo integral sejam coerentes do ponto de vista ético, a sociedade humana simplesmente ainda não se mostra pronta para aplicá-las na prática.
O abolicionismo é, por assim dizer, uma corrente de pensamento de ultra-vanguarda, muito à frente do seu tempo, apesar de já existir há mais de um século. É, porém, um movimento necessário e se faz premente que haja associações de pessoas dispostas a levá-lo adiante. Mas essas pessoas não deveriam perder de vista a perspectiva de que somente mudanças gerais e profundas nos paradigmas de funcionamento da sociedade moderna é que levarão ao cabo os últimos (primeiros?) objetivos abolicionistas. E que essas mudanças ainda podem levar muito tempo, em vista do atual padrão de consumo global e da ideologia vigente.
Suas ações podem e deverão ser fundamentais na aceleração do processo de mudança desses paradigmas, mas será muito mais crucial a influência do fator que sempre pesou sobre a humanidade: a conveniência econômica. Assim como os regimes escravocratas deram lugar ao regime assalariado por motivos econômicos, a exploração de animais só terá fim quando se provar inviável economicamente. E isso, não graças a fatores muito animadores, deverá obrigatoriamente acontecer dentro de mais algumas décadas.
Por sinal, eis a brecha por onde entram em ação as principais armas das correntes abolicionistas mais “produtivas” hoje: as frentes de libertação animal que visam à deterioração da indústria exploratória, como a ALF, impondo dificuldades ao funcionamento do sistema e causando prejuízos tanto materiais como morais às empresas e instituições que se aproveitam de animais. Essas organizações, em geral clandestinas ou “extra-oficiais”, têm logrado, a seu modo, conquistas importantes para a causa abolicionista. Além da liberação efetiva de muitos animais, conquistam exposição na mídia para o conjunto de pensamentos em favor da defesa dos direitos dos animais, levando o debate ao alcance de uma opinião pública historicamente privada de tais informações.
No âmbito das iniciativas menos agressivas e mais políticas do ativismo abolicionista, alguns avanços se fazem possíveis, mas também são confrontados com fatores de ordem econômica. As chances de sucesso de ações jurídicas, manifestações populares, campanhas informativas e pressões políticas contra as atividades de um circo, por exemplo, são bem maiores do que contra um festival de rodeio. Isso porque ações abolicionistas diretas surtem tanto mais efeitos positivos, quanto menos interesses econômicos e políticos estiverem em jogo. Como, de resto, tudo o mais na sociedade moderna.
Essa lógica nos obriga a constatar que as indústrias alimentícia e de pesquisa científica, que envolvem lobbies particularmente poderosos e cifras virtualmente inimagináveis, estão praticamente fora do alcance do ativismo abolicionista. Na atual conjuntura global, quase nada pode ser feito no sentido de obtenção de moratórias de exploração animal por esses setores. Podemos dizer que o mesmo ocorre, em menor escala, com a indústria da moda, que é alvo freqüente de ações e manifestações e, ainda assim, absorve facilmente os prejuízos causados e mantém o negócio de couro e peles funcionando a todo vapor.
Bem, se admitirmos que a sociedade moderna de consumo não está (ainda) pronta para absorver integralmente os ideais abolicionistas e que, por mais que o ativismo se incremente e avance na direção de dificultar as coisas para as indústrias exploratórias, ainda levará décadas até que seja factível aplicar na prática esses mesmos ideais com eficiência, não faz nenhum sentido se opor tão radicalmente ao chamado bem-estarismo animal. Não, ao menos, do ponto de vista da geração de animais que está sofrendo agora: hoje, no mundo todo, são cruelmente abatidos mais de 2 mil animais por segundo! E todos mortos depois de terem vivido sob as condições mais miseráveis que se possa imaginar.
Inevitavelmente, essas décadas, que podem ser cinco, seis ou mais, transcorrerão paralelamente ao sofrimento de trilhões de animais, que não terão outra alternativa senão a melhoria de suas condições de vida e abate, até que a revolução abolicionista se torne viável. Eis um paradoxo desconcertante e ardilosamente difícil de equacionar: a oposição ferrenha ao bem-estarismo não tem nos orientado rumo ao abolicionismo e ainda leva à divisão, em facções, um contingente de ativistas que, unidos, teriam muito mais influência e poder de fogo para acelerar o processo rumo ao abolicionismo integral.
É curioso notar que ambas correntes ideológicas criticam-se amiúde e mutuamente, mesmo quando é evidente que suas causas favorecem os mesmos sujeitos (os animais explorados) e seus objetivos são perfeitamente compatíveis (diminuição do sofrimento, de um lado e, do outro, fim da exploração).
Não se trata de sugerir que abolicionistas abram mão da legitimidade de seus ideais, nem de pedir para aderirem ao bem-estarismo. Mas, antes, de convidá-los a encarar as duas modalidades de defesa dos direitos dos animais como estratégias complementares, cada uma a seu tempo, com seu ritmo e em seu contexto. Trata-se, por fim, de dar vazão à razão concomitante a paixão, equilibrando-as numa receita que lhes permita enxergar, no que chamam de bem-estarismo, a solução para uma demanda imediata de bilhões de animais que, no curto prazo, não serão libertados em nenhuma hipótese, mas que têm chance real da conquista de condições de vida menos desfavoráveis. E de focalizar os esforços estritamente abolicionistas nas ações que visem à futura e definitiva eliminação, a médio e longo prazo, dos monstruosos “estoques vivos” mantidos pela indústria exploratória.
Para terminar, uma proposta de exercício imaginativo em que não há respostas, apenas perguntas.
Se houvesse tecnologia para entender o pensamento animal, e se com ela pudéssemos escutar o que diz um porco em sua baia minúscula, muito provavelmente ouviríamos “por favor, irmão, eu lhe imploro, trate de convencer os humanos de que não está certo o que fazem conosco”, numa súplica que nos indicaria claramente o caminho do abolicionismo.
Sendo honestos com o porco, teríamos que responder, “estamos fazendo todo o possível, mas os humanos não são fáceis de lidar, são séculos de hábitos arraigados para transcender. Continuaremos lutando pela abolição com todas nossas energias. Mas, por hora, o máximo que podemos fazer é aumentar o tamanho de seu cativeiro, melhorar suas condições de vida e amenizar os horrores da sua morte”.
Como será que ele reagiria? “Muito obrigado por seus esforços, todo alívio é bem-vindo! E tomara que consiga nos libertar no futuro”. Ou “muito obrigado, mas se não pode libertar a mim e aos meus, migalhas bem-estaristas jamais aceitaremos”.

Homem Lobo...

Declaração Universal dos Direitos dos Animais

1 - Todos os animais têm o mesmo direito à vida.
2 - Todos os animais têm direito ao respeito e à proteção do homem.
3 - Nenhum animal deve ser maltratado.
4 - Todos os animais selvagens têm o direito de viver livres no seu habitat.
5 - O animal que o homem escolher para companheiro não deve ser nunca ser abandonado.
6 - Nenhum animal deve ser usado em experiências que lhe causem dor.
7 - Todo ato que põe em risco a vida de um animal é um crime contra a vida.
8 - A poluição e a destruição do meio ambiente são considerados crimescontra os animais.
9 - Os diretos dos animais devem ser defendidos por lei.
10 - O homem deve ser educado desde a infância para observar, respeitar e compreender os animais.